sábado, 8 de dezembro de 2007


E hoje é sábado
Liris Letieres

E porque hoje é sábado
Eu vivo o agora
De susto
Perco-me no dia por alguns segundos
E às vezes, me acho!
Me acho uma droga
Me acho o máximo
E talvez, só porque hoje é sábado
Eu não queira saber que amanhã é Natal
Por mim podia ser Páscoa ou Sexta-feira 13
Ou até o Dia depois de Amanhã
Podia ser o dia do Apocalipse
Ou mesmo o meu aniversário
Se amanhã é Natal
É sinal que não dormi direito
Pouco Rivotril, ¼...
"Pur mim" que é Natal!
Eu ainda nem penso em nascer Jesus
Eu ainda me encontro desqualificada para “Natalizar”.

sábado, 24 de novembro de 2007

Carta em mãos
Liris Letieres

Planeta Terra, 30 de março de 2007.

Senhor,
Sei que quando começo assim, sua santidade logo se assusta...
Não, desta vez não peço por mim, peço por uma linda pessoa.
Pessoa que se veste de sentimento
E às vezes anda nua da razão.
Senhor, olhai por ela como olhas por mim.
Caminhe com ela como comigo caminhas.
Perdoe-me a pretensão de sentir-me tão acolhida por ti
E com base em tal fato, pedir a sua interseção.
Sei que o que uma voz clama, lhe chega clara aos teus sagrados ouvidos.
Mas pensei com meus botões:
- Se é para ouvir de uma, por que não de duas?
Humano é assim, esse bicho que sua santidade inventou.
Pensa ser sempre o maior que vai sair vencedor.
Pois me faço dos menores dos seres deste planeta
Pra pedir pra Martha bênçãos, prece e muita luz
Que ela sinta-se mais forte a cada respiração
Que ela ande firme, mesmo com os pés fora do chão
Pois o senhor deve saber
Sei que é onisciente
A Marthinha, como a chamo,
É poetisa,sabe ficar no solo o tempo todo não senhor.
Não que ela não ache graça na terra feita por ti
É que a alma que deu a ela
Às vezes pensa em fugir
Mas não é pra longe não, de sua jurisdição!
É que Martha vê caminhos que poucos conhecem
Martha enxerga coisas talvez de outra dimensão
E sei que, certamente, esses estranhos lugares, não fogem de ser mais uma de suas invenções.
Sagrado, peço outra vez.
Olhe por Martha Galrão
Sei que nunca estais longe dela
Aperte só um pouco mais sua mão.

Amém!

Achei isso minha amiga, num canto bem guardado.

sábado, 20 de outubro de 2007


De lua
Liris Letieres

O que escrevo às vezes, estanca
Como sangue coagulado
Pára, suprime palavra
Cala a boca, o pulso.
O que escrevo às vezes, despejo
Como jorro, aflora
Despenca peito a fora
Cai do pre
ci

cio
e morre.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007


CASA VAZIA

Poema nenhum, nunca mais,

será um acontecimento:

escrevemos cada vez mais para um mundo cada vez menos,

para esse público dos ermos

composto apenas de nós mesmos,

uns joões batistas a pregar

para as dobras de suas túnicas

seu deserto particular,

ou cães latindo, noite e dia,

dentro de uma casa vazia.

Alberto da Cunha Melo

sexta-feira, 28 de setembro de 2007


Aos Independentes:
Clóvis, Xucurus, Cláudia e Conceição

Aos que trabalham por nós
Aos que velam nosso sono
Aos que tecem a rede fina da pesca para que outras mãos
Puxem peixe vivo ou outros, durmam esses peixes na boca
Àqueles que trabalham nos bastidores e escorrem-se em suores silenciosos
Para que outros rostos brilhem em cena
Para ele e elas, nobres, uma orquestra de aplausos
Que não declinam por grande tempo
Para os obreiros insones, no parto da criança tão esperada
Um profundo e sincero
Muito obrigada!
Liris agradecida Letieres

segunda-feira, 27 de agosto de 2007


Cenas
Liris Letieres

Zona de perigo vai surgindo sem muito empenho
Basta franzir um pouco mais, a linha do cenho
Bocejo infame quer cortar o ar rarefeito da zanga
Mas o cérebro tosco insiste em vingança
Queria saber... meu reino pra quem me disser!
Quem zorra que comeu, o último pedaço da torta
Que eu tinha guardado atrás do tapaué!

domingo, 5 de agosto de 2007


Pretexto
Liris Letieres

Na verdade tudo isso é pretexto. Esse encontro foi pretexto, essa carta foi pretexto. Pretextos para os nossos momentos, não calcificarem-se na rotina impessoal, frenética e despojada de humanidade em que às vezes se traveste nossa coexistência, por entre os muros desse Forte Apache.
Da janela da porta da sala que habito nesse Forte, percebo muita coisa... Ah! Pra começo de conversa, a janela da porta não se chama janela da porta e sim, TV de plasma.Se é assim, tenho um canal fechado, só meu e com a programação variadíssima! Gente rara passeia em frente a esse telão.
Hoje vim pra dizer que me importo. Embora na maioria das vezes não me faça clara, eu me importo. Importo-me com cada um de vocês.
E, penso que não existe acaso nessa vida. Se estamos aqui, juntos, houve uma conspiração lá nas outras jurisdições do Pai, pra que isso acontecesse.
Quem freqüenta esse Forte, há algum tempo, já me conhece um pouco, e sabe que não sou dada às formalidades. Quem está chegando, acho que vem percebendo.
Espero, e falo com sinceridade, que tenha contribuído mais que cobrado, mais compreendido que acusado, mais aplaudido que atirado pedras, mais ouvido, que falado (tá, pra ser sincera mesmo, eu falo como uma “nêga do leite” e esse item deve estar mais difícil que os outros de ser atingido) continuando... mais apoiado que dividido e mais rido que chorado junto com vocês. Espero, espero mesmo.
A verdade, é que eu me acho e me perco nesse grupo, a todo o momento! E, sei, que pra vocês devo ser, em alguns momentos, a unha encravada, a faladeira em outros, a despirocada, a mandona, a resmungona, a teimosa, a morta fome, a porralouca, a generala, a mãezona (como um professor me chama: a mutante).
Mutante, acho que isso eu sou muito! Perdoem-me, portanto, as mudanças repentinas de bela pra fera, de gato pra onça, de fada pra bruxa, de gente pra bicho...
E, obrigado por partilharem esse segundo, da preciosa vida de vocês, comigo.

PARA MEUS COLEGAS, AMIGOS E PARCEIROS DE TRABALHO, QUE ME AGUENTAM E AINDA CONSEGUEM RIR DE MINHAS LOUCURAS!
Vou listá-los como os chamo : Nóla, Marcionília, Gazarotti, Maia, Guta, Gabilda, Ioca, Anjo, Marcão, Xande, Dedé, Carlota, Só. (na foto não estão todos, chuif...)

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Fênix
Liris Letieres

Amanhã...
Porque hoje, me gastei por inteira
Nada restou no prato
Me engoli
Nenhum risco de riso
Nenhum cisco
Nenhum grifo de mim

sexta-feira, 13 de julho de 2007


Troco
Liris Letieres

Sei que ainda permito-me tantos desmandos
Deprecio o meu tempo sagrado, em instâncias mornas
E me deixo conduzir às cegas, em meio a bandos
Que esquecem que o que se esvai, nunca mais torna

Apago débil, um mundo imenso que arde lá fora
Dou, talvez, minhas últimas moedas em forma de tempo
E o relógio a toda a brida, leva o troco embora
Num tique-taque chantagista, que se vai ao vento

O silêncio se faz presente, e, é grande revelador
Do dissabor da alma alheia de outra gente
Que morre plácida, vitrificada com sua dor
Corpos às vistas, embora as mentes tão ausentes

Distancio-me, senão com o corpo, com minha alma
E num ostracismo voluntário, tento fazer algo valer
Uso a palavra, amiga alada, que me acalma
A dor secreta em ver meu tempo a fenecer

domingo, 8 de julho de 2007


Obra de Arte(07/07/07)
Liris Letieres

Ela disse que não
Mas havia muitos vestígios
Era mágico demais
Surreal demais
Muito além do fazer humano
Só imbuindo-se de muita luz...
E foi o que se fez
Talvez nem ela o saiba
Que a sua mão, não mais guiava.
A própria Luz conduzia
A carne e suas falanges
Tornando tão real quanto ilusório
As vestes da alma da Terra
Deitada sobre uma tela

Obra da amiga e talentosa artista, Adriane Paiva

terça-feira, 3 de julho de 2007


Mês de Julho

Liris Letieres


Este mês tem cheiro de festa

Todo dia tem céu de brigadeiro

Ponho os óculos e visto-me de azul

E saio voando num lindo Barão Vermelho!


Dia 20 então, nem se fala!

quinta-feira, 28 de junho de 2007


Felicidade controversa

Liris Letieres

Ai, meu Deus!Minha filha agora é "de maior"!

O neném que vi nascer
Vai caminhar por si só
Já caminhava, é bem verdade
Mesmo com bem pouca idade

Mas caramba! São 18 anos!
E eu aqui, fazendo planos
De levá-la pra escola
De escolher os seus amigos
De dizer que horas volta
E não cortar o umbigo

Quer saber?
Sou declaradamente
Uma mãe meio demente
Que leva a filha pra faculdade
Só para ter um gostinho
Do tempo que a levava
Para estudar no prezinho

Que embora não escolha
Os amigos que ela tem
Vive dando opinião
Que não vale um vintém

Que fala olhando o relógio
- Chegue cedo, minha filha!
E ela muito obediente
Chega-me às seis da matina

Tem dois lados meus, de Mãe
Um que me deixa feliz
E um outro lado que deixa
Meu coração por um triz
Num “salve-se quem puder”
Pois agora sou a mãe
De uma linda MULHER!

Parabéns, minha filha!TE AMO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
p.s.Viu a foto? Né liiinda?

segunda-feira, 25 de junho de 2007


Vestir-se de Infância
Liris Letieres

Quando a gente permite
Que a criança interna vá de
Ponta
a
Ponta
Deixa a alegria perder seu limite
Roda vestido até ficar
T O N T A
Dança quadrilha de improviso
E demite-se da idade adulta
Sem sequer um prévio aviso

Roda o salão em busca dos traques
Pra pisá-los espalhados pelo chão
Gira...
Gira...
Gira...
Fica zonza e não vê a multidão


Dança serelepe para a infância
Tudo isso numa manhã de junho
Quando a gente acorda a criança!

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Deixo
Liris Letieres

Meus rastros pela vida
Serão muitos, eu sei
Deixei alegrias
Deixei tristezas
Salada de sentimentos por onde passei
Deixo também uma pá de amigos
E, não me engano, uns tantos inimigos
Que só o são, pelo próprio querer
Mas se elegeram o seu “partido”
Já não me cabe por eles escolher

A vida é caminho que se vai pra frente
Nenhuma mágica faz reverter
Deu suas mancadas?
Segure o rebote
Tem conseqüências pra receber
Sigo deixando meus muitos rastros
Então páro e espio a minha andada
O barro pisado e com as mãos na bacia
O que vejo me deixa mais alentada
Não irei mais com minhas mãos vazias
Pois a olhar os rastros da estrada
Vejo também que deixei poesia!

domingo, 17 de junho de 2007


Matou o gato
(curiosidade premiada)
Liris Letieres

Nos tempos modernos
As coisas andam frenéticas
Visitas por portas de orkut
Escondem as pistas internéticas
Espiadas nos Blogs, na surdina
Pouco éticas
Esconde-esconde no ciber espaço
No anonimato
Mas, por detrás do monitor
Esconde-se um fato
Tua cara, assustada, um tanto covarde
E dentro de teus olhos? Será só curiosidade?
Premio-te com um flagrante
Espero pra ver se nega
Já não adianta encolher-te
É assim que a gente pega!

Fissssssssssssssst!

sábado, 9 de junho de 2007

Eutanásia
Liris Letieres

Vou mudar a lente do caleidoscópio
Trocar por muda limpa tudo que me despe
Faxinar as entranhas do meu pensamento
E botar pra fora o que não me desce


Derrubar o muro entre o sonho e realidade
Prender na masmorra o Eu que me sabota
Raspar toda crosta do tacho das más lembranças
Lavar em água limpa o estrume nas minhas botas


Rasgar todas as provas de amizades falsas
Lapidar tudo o que eu tenho de mais raro
Revirar gavetas e por fogo nos recibos
Do que vendi barato e paguei tão caro

sábado, 2 de junho de 2007


Martha

Liris Letieres


Com imagem "surrupiada" de amiga consciente

Que encara a greve com dignidade

Eu, que me encolho em meu apertado renque

Repito o seu gesto em solidariedade
*nada há de ser escrito até que a greve acabe.

segunda-feira, 28 de maio de 2007


Blindagem
Liris Letieres

Deparar-me com sorrisos falsos,
logo cedo.
Ver em olhos traiçoeiros, de pessoas más,
uma navalha.
Rezo a Deus que me livre desses encontros
não por medo.
Pois meu desejo verdadeiro, é
que Deus as valha!

domingo, 27 de maio de 2007

Maratona
Liris Letieres

Se bastasse escrever absurdos pra remover essa crosta que fica, do dia que acaba...

Ou talvez, apenas a soltura, o derrame, de uns mililitros lacrimais, forjasse uma nova carapaça pra uso posterior...

Quem sabe, alguns poucos segundos do tempo, furtados do dia, chegassem a prover alívio seguro para as dores em acúmulo, das 24 horas vividas...

Mas não!
Tem que ser complicado
Demorado
Angustiante
Sofrido
E, beirar o indissolúvel pra eu poder dizer:
-Passou.

domingo, 13 de maio de 2007


Mudança de planos
Liris Letieres

Senhor do Bonfim, bem que tentou
Proteger o segredo, a idéia esperta
Com fita benzida a entrada atou
Mas não impediu a descoberta

E o esconderijo mais que secreto
Precisou de mudança de lugar
E num castelo em forma de caixa
Duas princesinhas foram morar

sábado, 12 de maio de 2007




O filho pródigo
Liris Letieres


Nascido no berço dela
Nela você cresceu
A sua Mãe era ela
Não a reconheceu?

E o tempo cumpriu seu destino
Crescido, você virou fera
Por isso não percebeu
Que a sua Mãe era ela?

Descuidou de sua matriz
Esbanjou os recursos dela
Deixou-a assim, por um triz
Esqueceu quem era ela?

Homem da Terra Mãe
Redescobre seu coração
Pois da Terra, você é filho
Resgate a filiação.

Há tempo, não tem revolta.
Pois como todas as Mães
A Terra lhe ama tanto
Que ainda lhe quer de volta!

FELIZ DIA DAS MÃES!

sexta-feira, 4 de maio de 2007


Escapulida
Liris Letieres

Ai, meu Deus!
Que desencontro!
Quando penso que me achei...
Acabo de virar, uma das minhas esquinas!

O Varredor de medos
Liris Letieres

Subo uma escarpa logo cedo
E lá se vão: o pão e o café aguado.
Caminho querendo do dia, esquecer o medo
Mas o cardíaco quarentão se vê acelerado.

No portão, os primitivos personagens.
Sempre vitoriosos, nessa marcha inglória.
Dois guardiões com suas fardagens
E Manoel, meu protagonista da história.

Toda manhã, Manuca recolhe as folhas
Que são deixadas na quadra, pela noite quieta
E, ao vê-lo, dou meu verdadeiro cumprimento
Por saber que dali, há de vir resposta honesta.

Bom dia, Mano! Aciono a retentiva
Bom dia, Liris! Chegou cedo!
E volta a varrer as folhas caídas
Sem saber ele, que varreu meus medos.

Para Manoel que varre como ninguém, a alma da gente!
Na foto acima, ele, meu herói, em dia de festa!

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Para Tânia Xucurus, pelo fio da voz.

A passageira
Liris Letieres

Ela não percorria toda a estrada.
No meio do trajeto, a moça sempre puxava a cordinha, causando uma espécie de alvoroço no restante dos passageiros que, intrigados, se questionavam:
- Mas que diaxo essa moça perdeu por essas brenhas do nada?
Ô povo sem fé, esse povo que viaja. Será que nunca perceberam o olhar doce e cândido da moça a mirar aquelas bandas de vazio da estrada?
Era atalho certeiro que ela mirava.
Uma miragem sublime no meio da estrada.

sábado, 28 de abril de 2007


Você nem desconfia
Liris Letieres

Desconfie sempre
Sempre que sua alma ande muito quieta
Ou não se manifeste
Desconfie.
Se não lhe incomoda a dor do outro
Se não percebe a ausência de sorrisos das pessoas
Se você passou pelo dia e não olhou nos olhos de ninguém
E mesmo assim, “dormiu como um anjo”
Desconfie.
Sua alma certamente, está aprontando das suas
Talvez queira fugir de você
Escapar
Almas são assim
Precisam estar sob cuidados e sob controle
Cuidados do coração
Controle da mente
Almas vazias de corpos circulam aí, aos montes!
Não é à toa que muita gente fala:
-Esse (a) aí é um (a) desalmado (a)!
(Faço-o com tantos parênteses para não escapar ninguém)
Mas, por que se tornou assim?
Tornou-se assim por não cuidar...
Por não tratar da alma...
Por que a alma, lá um dia, se questionou:
_ Que zorra eu estou fazendo por aqui?
Não me usa
Não me escuta
Não me alimenta...
Vou desabitar
Fui!
Almas comem fé
Almas se banqueteiam de amor
Almas saboreiam atos solidários
Se não as alimentam, fogem ou morrem a mingua.
Pobres de nós, sem almas.
E, que mesmo assim, teimamos sobreviver sem elas.

Algoz: uma verdade inconveniente
Liris Letieres

Chove em mim
Aliás, tem chovido com muita freqüência em mim.
Esse meu serviço meteorológico anda esquisito:
Previsão de choro no final da tarde
Apertos parciais no peito, logo pela manhã...
“Esquecimento global” faz isso com a gente
Descuidamos da nossa natureza humana
E o nosso mundo pessoal entra em colapso
Devastamos nossas florestas de esperança
E crescem áreas desérticas de sentimento no nosso coração
Coração ressequido, terra árida.
Poluímos com idéias capitalistas nossas mentes
E causamos verdadeiros buracos nas camadas
De sensibilidade da nossa alma.
Tornados de raivas, sem sentido, movidos pelo stress
Destroem alguns acres de amizades.
Quase à beira da extinção
Somos algozes da humanidade
Humanidade nos gestos
Humanidade nos pensamentos
E vamos nos esquecendo...
Há um esquecimento global se alastrando no planeta
Dia desses, sei não, acordaremos andróides.
Viraremos máquinas.

“NÃO SOIS MÁQUINAS!
HOMENS É O QUE SOIS!”

Ah! Chaplin, Chaplin!

segunda-feira, 23 de abril de 2007


A chegada
Liris Letieres

Sempre achei uma coisa linda, “chegar”.
Quando a porta se abre e a pessoa que havia marcado pra chegar, chega, não é lindo?
Um carro buzinando, a carona chegou!
A campainha na porta: chegou visita?
Mas quem é?
A chegada inesperada então? É algo realmente mágico.
Alguém disse que vinha, prometeu... e veio!
Pronto! Pra mim essa pessoa merece crédito!
Eu penso assim.
Prometer que chega e chegar, pra mim é ato nobre. Vejo com bons olhos os cumpridores desse tipo de promessa.
_ Eu vou!
E vem mesmo! Chega e pronto, tá feita a mágica.
Pra mim quem chega, me dá um sentimento que quase sempre, vem carregado de coisas boas.
Agora, uma coisa eu não sei explicar direito: não suporto esperar!
A angústia de não ver “chegar”, dói meu estômago.
Entristece-me, perco a fome ou como feito louca.
Não, realmente esperar não é o meu forte, mas, ver CHEGAR é meu fraco!
*NA FOTO ACIMA A NOIVA TINHA ACABADO DE CHEGAR!

domingo, 22 de abril de 2007


Nada de Dia!
Liris Letieres

Nada de oca
Nada de tribo
Nada de nada
Apitando no ouvido

Nada de festa
Nada de papo
Nada de nada
Que não seja o ato

Nada de pena
Nada de jeito
Nada de nada
Que não: o respeito

Nada de moda
Nada de chiste
Nada de nada
Que o Índio tá triste

Nada de fim
Nada de início
Nada de nada
De DIA do ÍNDIO!

sábado, 7 de abril de 2007

(Arte grafite Denis Senna)


Trem da Calçada
(um passeio no sábado de aleluia)
LirisLetieres

Vou andar de trem
Trem do subúrbio
Lindo

Soturno
Todo pintado
Bem grafitado
Novo
De novo
Trem do absurdo
No submundo
Lá vai o trem
E eu no balanço
No vai e vem
Vai meu bem
Andar de trem...
Andar de trem...
Andar de trem...

sexta-feira, 6 de abril de 2007

Imagem:
www.lendoesonhando

TA LENTO...
Liris Letieres

Pensei:
No dicionário, sei que TALENTO é tanto moeda da antiguidade como também aptidão natural, embora me assombre a falta de modéstia do Aurélio, quando diz que TALENTO é pessoa muito inteligente. Que diaxo seria então, INTELIGÊNCIA pra seu Aurélio? Ta lá: destreza mental.
Parto então para o oposto, o antônimo, o contrário, o outro lado da moeda da antiguidade e deparo-me com: Inapto.
Corro esses olhos fuçadores, que acham na vizinhança “Aurelesca” o verbete: TALANTE que na sua significância afrontante, manda como um bofete: vontade, querer, empenho dedicação. Corro o olhar, um pouco mais acima e me chega às vistas TALA que ta lá, não minto, é: chicote, dificuldades, dedicação.
Respiro profundamente e, atordoada, chego a uma conclusão bem “Liresca”. É me adjetivei...

Pra que talento?
Pra que moeda?
Não tendo empenho
Vai dar em merda!

E se as inteligências são agora múltiplas
Não tem destreza, nem vale súplicas
Não adianta tanta vontade
Se o que lhe falta é habilidade.

Dá de chicote ou palmatória
Se o forte é artes e não oratória
Vai dedicar-se
Vai empenhar-se
Nem mesmo assim
Aptidão te nasce!

E o que acumula com a idade
É trafegar na mediocridade.

E como sempre
O que me resta
Não é tristeza
Não é lamento.
É poder contar
Nessas madrugadas
Com meu pensamento
Não com meu TALENTO.

quinta-feira, 5 de abril de 2007




Constatação
Liris Letieres

Ler o mundo é interpretar
Imagens do cotidiano
Fazer leitura de rodapé
Saber levantar o pano

Ler mensagem subliminar
É querer ver e enxergar
Descobrir o descoberto
E desconfiar do certo

Entender hieróglifos
Decifrar garatujas
Ler mundo é escavar você
E sair com mãos bem sujas

É ler através da pele
O entorno, o através
Buscar trajetos incertos
Caminhando de viés

É ouvir outras leituras
É soletrar devagar
É emudecer garganta
E é de-co-di-fi-car

Ler o sânscrito
Em braille
É sentir doer e curar
E descobrir-se absolutamente
Um analfabeto ao tentar.

quarta-feira, 4 de abril de 2007


ARTESTRANHA
Liris Letieres

Engolir sapos é uma arte
Arte esta em que não quero ter destreza
Mas devo reconhecer que é uma arte!
Admiro quem o faça
Com arte, é claro!
Engoli-los como quem engole pílulas placebo
Sem caretas, sem efeitos.
Com classe.
Classe típica de quem constrói verdadeiros brejos no estômago.
Eu?
Eu os rumino
Eles não descem
Eles travam na minha garganta
E saltam, enlouquecidamente para fora
E, sem classe alguma
Saem em meio a vômitos de palavras
COACH!

Valsa da Farsa
Liris Letieres

Não acredite em minhas promessas
Meça
Cada palavra minha, cada macete
Atente
E de qualquer gesto meu, desconfie
Confie
Apenas na sua intuição
Imagem: "Sonho de Valsa"- Marciomelo

sexta-feira, 30 de março de 2007

Fiat Lux


Fiat Lux
Liris Letieres

Nunca mais!
Nunca mais me arrependo
Nunca mais prometo
Nunca mais!
Já me rendi muito
A partir de já, sou nunca mais.
Verei o sol.
Não pedirei, verei o sol!
Arranco essas vestes emprestadas
Terei as minhas
Nunca mais pedirei favores
O tempo obscuro cai em óbito agora
Transmutarei essa realidade
Que não é minha
E terei minha realidade
Como eu quero
Porque assim quero!
E quanto a você, estado de desejos
Que morra!
Não serei mais desejo
Sou fato!
Em mim só luz, portanto, desintegro a escuridão
Prometo a mim mesma
Nunca mais!
Findou-se, era de perdas.
Sou ganhos.
Fiat lux!

domingo, 25 de março de 2007



Janela de Igreja
Liris Letieres

Quero subir!
Eu também!
Vem braço amigo e levanta
Apóia a curiosidade de criança
Assentam-se na janela da igreja
Pra que tudo lá fora o olho veja
Pois olho de menina é bicho inquieto
Nem em solo sagrado se põe veto
Lá fora, um viveiro acanhado
Perde o dia que andava sossegado
Vão os olhos vasculhando o cenário
Cadê o pombo, o sabiá e o canário?
E o padre alheio a tudo, apressado.
Toca o sino chamando pra o batizado!

sábado, 24 de março de 2007

Fuga em falsete
Liris Letieres

Nos ouvidos de outros
Visitar labirintos
Me perder
Me achar
Presa ao fio do som

Ariadne às soltas
Ao cantar desafino
A canção transbordando
Quando eu canto é sentindo

Vou cantar
Ao invés de fugir
Vou cantar
E ficar mais em mim

Um cantar que fulmine
As tristezas da alma
E que só sobrevivam
As tristezas dos filmes

Mas te mando um aviso
Um aviso de amigo
Se quiser me calar
Amplifico sentidos

Vou cantar
Ao invés de fugir
Vou cantar
E ficar mais em mim

Num agudo de Diva
Me transformo em mistério
Retirando o teu sono
Vou cantando em estéreo

Caso ache bobagem
Esse meu desatino
Rasgo a voz da garganta
E prossigo sorrindo

sexta-feira, 23 de março de 2007

DesaCONSELHO
Liris Letieres


Tô em crise (de novo)!
Ultimamente venho amanhecendo adormecida
Meio zonza
Sem coordenação
Esquivando-me dos espelhos da casa (logo cedo é demais encarar-me, ainda mais sem o ameno de uma gota ,sequer, de produção).
Um batom para afugentar a palidez
Um lápis para acordar mais o olhar
Sei não, a gente vive tapeando (ou pensando que tapeia) a ação do tempo.
Anti-rugas à noite
Loção de manhã
Maquiagem é quase um rebôco!
E eu, tirada a esperta, me escondo detrás dela.
Tolos! Não vão me ver!
Tento fisgar olhares, mas passo despercebida...
Tola! Eles podem me ver escondida!
A idade, o tempo, as dores, a alma vivida, carregada de histórias, tudo transpira na cara e na fala...
É, todos os dias têm sido por aí, afinal, estou nos 40!
Quando me falaram e me aconselharam sobre essa fase, eu não estava nem aí!
Podia ter me preparado melhor...
Mas não vem não, viu?!
Não vem pra cá com essa história de idade da loba (tô mais pra louca), da maturidade mais bela feminina...o scambau!
Subo mesmo é no banquinho, e seguro com meu dedos cheio de creme para as mãos, os ponteiros do relógio da cozinha!
Brinco de Deus.
Dá certo não...
Procuro todos os dias as danadas das curvas....
Só sobraram no vinil as da Estrada de Santos do velho Roberto.
Velho...
Velha...
Caramba! Isso é que é crise!
As dos 15, foi fichinha!

sábado, 17 de março de 2007

SAUDADE REEDITADA

Saudade Reeditada
Liris Letieres

Minha saudade derradeira
Foi perdendo a esperança
Tanto cresceu , virou adulta
Já não é mais uma criança.

É saudade peregrina
Que dá um pulo ordinário no passado
E de lá traz sacola cheia
Do que não foi alcançado

Saudade de rolar lágrima
Solitária...
Espremida...
Um sumo, uma essência
Da lembrança nunca esquecida!

quarta-feira, 14 de março de 2007

No túnel do tempo.

No túnel do tempo.
Liris Letieres

Não era nem criança, nem era adulta ainda, aquela transição esquisita de idade que a gente não sabe nem pra que time torce. Eu, minha mãe, minha irmã um pouco mais velha que eu, e uma "meio amiga", fomos fazer nossa primeira visita à nova sensação do momento em Salvador, o Shopping..
Antes de começar a história, deixa eu explicar esse caso de "meio amiga".
Ainda não tínhamos criados laços, ela era vizinha recém chegada no prédio, que veio se infiltrando na conversa de minha mãe com a mãe dela:
- Berê (era assim que minha mãe chamava, aquela que seria anos depois, a Tia Bê - tia de "consideração"-, pra mim), vou levar as crianças para conhecerem o Shopping novo, dizem que é um sonho!Artemízia (Tia Miza, consangüínea mesmo!) foi, essa semana e até se perdeu de tão grande!
- Ah, Carminha! Dax, (não estranhem não, é nome verdadeiro, Dax, tempos depois, "Tio Dax") prometeu que ia levar a mim e a Marcinha (eis o nome “da “meio amiga;” Marcinha) para conhecer , e até hoje!
Minha mãe, altruísta que era, prontificou-se a levá-las claro, naquele momento pra todos da cidade era um crime privar alguém de conhecer o lugar mais falado do momento.
_ Se vocês quiserem podem ir comigo! Salpicou minha mãe, Seu Martinho nos levará hoje à tarde.
Eu, assistindo a conversa aos pedaços, porque corria de felicidade, entrando e saindo do apartamento, pra já ir preparando uma roupa a caráter (lembro como hoje: bermuda e blazer brancos com collant azul royal por dentro, não riam não, era moda quentíssima da época) e, avisar minha irmã da novidade. Percebi em uma das minhas voltas, que a Marcinha já fazia o mesmo. Corria porta à dentro do apartamento vizinho e voltava com rosto suado (será que o cabideiro dela era tão alto quanto o do meu guarda-roupa, que tinha que escalar no beliche pra alcançar?).
Mas eis que a Tia Bê, dá uma resposta, que pega a pobre da Marcinha completamente despreparada:
_ Hoje, Carminha? Mas dia de hoje eu tenho que levar a Marcinha para a aula de piano. É o segundo dia de aula, sabe. Mas mesmo assim amiga, obrigada pelo convite.
Não deu outra. No fechar de boca de Tia Bê, foi o exato instante do abrir gigantesco da boca de minha “meio-amiga” Marcinha, aos prantos!
_ Eu não quero ir pra aula de piano! Eu quero ir pra o Shopping!
E chorava convulsivamente!
Tia Bê , tentava conciliar a situação falando da importância das aulas de piano, apelou até pra o alto custo da hora/aula, mas nada! Marcinha não se conformava!
Discussão encerrada, corremos, ambas, para nos aprontar para a tão esperada visita.
Resultado:
Lá se fomos, eu, minha mãe, minha irmã um pouco mais velha que eu, e uma "meio amiga", fazer nossa primeira visita a nova sensação do momento em Salvador, o Shopping.
Descemos juntas, as escadas do prédio (naquela época, poucos prédios com elevadores existiam – o que nos levava a ter mais um grande motivo para irmos ao Shopping, “as escadas rolantes” um mini parque de diversões!).
De olho investigativo nos trajes de Marcinha, para ver se ela estava tão na moda quanto eu, vi que ela estava “completamente por fora”, usando um vestido tipo jardineira e um casaco verde esquisito, amarrado na cintura (que depois eu soube, fora dado pela mãe, pois tinha ar condicionado “forte” no Shopping).
Entramos no carro e, em poucos momentos, cruzamos a Pituba (morávamos na rua Amazonas) e pegamos a via para o Shopping. Descemos do carro com olhares estatelados e curiosos, tanta gente, tanta novidade, tantos blazers com bermudas e collant! Ríamos de tudo! Minha mãe e minha irmã seguravam em nossas mãos e percebi que compartilhavam dos mesmos sentimentos meus e certamente de Marcinha.
Subimos as famosas e divertidas “escadas rolantes” e descemos e subimos e descemos e subimos de novo, era emocionante! Os olhos presos nos degraus para pular o quanto antes da chegada ao andar.
Quando no meio daquela alegria, eu já toda descabelada, suada, amando o Shopping, Marcinha dá um grito!
_Dona Carminha! A Liris se machucou!
Não, eu não havia me machucado. Minha regra chegara pela primeira vez e a roupa branca da moda, nada podia esconder.
Sei, que foi preciso retornar às pressas para o carro, e, ainda hoje eu me lembro: Ai de mim se aquela que eu chamava de “meio amiga”, a Marcinha, não estivesse lá! Nem aquele seu esquisito casaco verde que voltou pra casa, amarrado na minha cintura.

quinta-feira, 8 de março de 2007

CRÔNICA DE UMA PEDESTRE
Líris Letieres


Então foi assim:
Acordei cambaleantemente "sonada".
Liguei, em alguns momentos, o meu piloto automático
Bebi alguma coisa parecida com café
Sandália no pé, dedo no botão do elevador, espera...
A companhia surpresa de uma vizinha ao lado na mesma espera.
Conversa de elevador:
- Bom dia! Que chuva hein?!
Eu doida por uma conversa respondo
- É.
Me apoio nos braços nas paredes do elevador e ressono...
A vizinha não desiste:
- Vai pra o trabalho não é?
Monossilabicamente eu:
- Ô!
Ela então apela:
- Vai pra o mesmo lado que eu? Quer carona?
Acordei.
- Vou sim. Claro que quero. Não vou atrapalhar?
Não atrapalhei. Entrei no carro como se fosse rotina essa carona, prestei atenção para ser bem atenciosa (talvez compensasse o monossilábico discurso no elevador)e, retornasse em futuras outras caronas.
Puxei conversa com um outro carona que estava no carro, o neto da vizinha. Claro que esse, era carona oficial.
- Tudo bem Bruninho?
O menino ria com os olhos, talvez soubesse de todo meu tosco teatro de boa moça.
- Boa aula, Bruninho!
E virando para a vizinha “desnominada” pela minha memória:
-Obrigada pela carona!
Esqueci de fechar a janela do carro quando desci “LONGEPRACACETE” , do caminho que faço, diariamente, a pé, para o trabalho.
Agradeci.
Mas, acho que não foi bem “esquecimento”, o negócio de fechar a janela.

quarta-feira, 7 de março de 2007

TEMPERANÇA

Temperança
Líris Letieres

Nem vou dizer queria.
Eu quero!
Quero poder fazer duas, três coisas ao mesmo tempo!
Hoje me aborreci...
Não podia digitar meu login no computador
E, ao mesmo tempo, digitar no celular o número de minha filha!
A (in)capacidade não colabora com a vontade...
Aí, atrasou!
Não foi na hora que eu queria.
Tempo, seu desonesto, fica mudando meu entendimento sobre você!
O agora, já foi e o amanhã, nunca chega?!
Eu queria era acabar logo de fazer...
Mas, nem se arvore a saber pra que essa correria.
Eu, é que não sei.
Tô com tanto tempo!
Tempo sobrando da grande vontade de não fazer nada!
Porque o que fazer, realmente, eu tenho e muiiiiiiiiiiiito!
Me dá um tempo, Liris!

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Falação
Liris Letieres

Palavreados descarrilam
Dando um verniz nos meus versos
E despencam em ribanceira
Num sentido controverso

Vou dormitar por entre as falas
Por dentro das camarinhas
E dourar meus dizeres soltos
Numa dozena de linhas!

domingo, 18 de fevereiro de 2007

Uma questão de olhar...

Uma questão de olhar...
Liris Letieres

Criou-se uma fenda mágica
De onde um portal se abriu
Que fez o olhar vislumbrar
O que antes nunca se viu....
Em verdade falo da vida
Que é portal de todos nós
E do olhar que falo agora
São nossos olhos de sempre
Só que agora embotados
De um simples encantamento:"Ver a vida com outros olhos, buscar o contentamento"
Ver nas coisas simples da vida
Como um abraço...
Um sorriso...
Um "bom dia!" animado...
Mais que um fato isolado.
Ver nestas coisas tão simples
Riquezas incontestáveis!!!
E juntando os nossos elos
Filhos, Pais, amigos velhos
Viver dias memoráveis!!!!!

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

AUTO RETADO!
Liris Letieres

Sou acerto
Sou o erro
Sou o torpor da droga
E a droga da obediência

Sou lucidez
Sou insanidade
Sou a responsabilidade
E a falta de consciência

Sou a palavra acanhada
Sou risada escrachada
Sou verdade da palavra
E sou a maledicência

Sou trabalho
Sou o ócio
Sou o ato impensado
E sou sua conseqüência

domingo, 4 de fevereiro de 2007


BANDEIRA BRANCA
Liris Letieres

Hoje presenciei uma cena lindamente poética, melhor, fiz parte dela.
Quase uma pintura a óleo, uma tela, e eu estava lá integrada a imagem.
Talvez, uma cena pitoresca e cinematográfica de Almodóvar, fui elenco.
Uma singela bandeira branca seria hasteada em nome da Paz.
Da Paz desejada por todos os presentes, ao jovem casal que parte em breve, em par, em duo.
Trilha sonora casada, vinda do seio da casa, “Dia Branco”, de Geraldo Azevedo e Renato Rocha.
Em ato quase solene, não fossem os pés descalços de uns, o cantarolar de crianças ao fundo, o despojamento da alma de muitos. Solenes mesmos estavam nossos corações. Centrados no instante indelével.
Subia a bandeira ao som da melodia, acompanhada de embargadas vozes presentes, ajudada pelas mãos do jovem casal, e desciam em quase todos os rostos, lágrimas de candura pelo momento.
Súbito, estala a corda que sustentava o lábaro. Um instante de silêncio, riso nervoso. Então, a mão do companheiro insiste e vai à busca da corda que restava e a trouxe pelos dedos corajosos de volta. Retorna a Paz, desta vez, aos nossos corações.
A vida é algo semelhante. As surpresas, os desafios que encontramos nos nossos caminhos, às vezes não nos permitem hastear nossos desejos no topo, vão aonde tem que ir, vão aonde a corda de nossos passos alcança vão “até onde a gente chegar”. Mas ficam lindamente, onde quer que estejam, quando podem dizer um ao outro, através de um simples olhar, que estarão lá “pro que der e vier”.

CONVERSA (etílica) no MSN
Tema abordado: "O Triângulo das Bermudas das Bolsas Femininas"
Liris Letieres

www.lirisletieres.blogspot.com diz:
Jane, amiga! Hoje passei uns infernos no caixa eletrônico do BB.

Demorei uns 25 minutos
1º Na fila

Mais uns 15 minutos
2º para achar o cartão do visa electron na bolsa


Mais uns 10 minutos
3º para achar a conta (eleita anteriormente em casa através de sorteio) para pagar no caixa eletrônico.


Mais uns 45 minutos para
4º tentar passar o diaxo do código de barras no leitor ótico (cego) .


A essas alturas eu já estava suando horrores e sendo xingada pela fila imensa que se formava atrás de mim e da minha bolsa (acho que cheguei até a levar uma sapecada de uma bolinha de papel que penso ter sido a conta de alguém, que ia ser paga e o(a) dono(a) encontrou melhor uso pra ela).
Jane diz:
Rsrsrsrsrsrsrsrs
www.lirisletieres.blogspot.com diz:
Foi quando tive uma idéia piramidal ! (piramidal ainda se fala?)
Vou criar a "Bolsa Organizacional com Alas de Auto Ajuda"
Jane diz:
Quêê??????????
www.lirisletieres.blogspot.com diz:
É , uma super bolsa! Pra acabar com esse negócio vexamoso de nunca achar nada dentro de uma bolsa.
Jane diz:
E quando diminui o tamanho da bolsa?Aí é que lenha com tudo! Passa tb a não caber nada!Nada pra gente perder na bolsa! Rsrsrss
www.lirisletieres.blogspot.com diz:
Pois é, quando quero pegar algo na dita, é um Deus nos acuda! Tenho que às vezes jogar tudo no chão( e jogo mesmo, onde quer que eu esteja,dependendo do meu grau de paciência "rumo" tudo no chão").
Jane diz:
Rssssssssss
www.lirisletieres.blogspot.com diz:
Mas com a "Bolsa Organizacional com Alas de Auto Ajuda" nunca mais passarei por isso!
Jane diz:
so Kro ver...
Jane diz:
Tb preciso de uma. Seria a primeira a comprar!
www.lirisletieres.blogspot.com diz:
Elas terão compartimentos ultra funcionais, melhor, alas! E de cores diferentes, com caixas blindadas para que nenhum batom perca a tampa, caneta estoure e pó compacto se esfarele.
Jane diz:
E que nenhuma ponta de lápis de olho quebre...
www.lirisletieres.blogspot.com diz:
Será o sonho de toda mulher UM TANTINHO desorganizada como eu.
Jane diz:
Lugar para as chaves...
Jane diz:
Celulares...
www.lirisletieres.blogspot.com diz:
Bip! Bip para as chaves! Que responderão ao comando com um simples assovio e pularão rapidamente para nossas mãos!
Jane diz:
Ô.
www.lirisletieres.blogspot.com diz:
E para os celulares, cores hiperfluorescentes !Para serem achados mesmo durante o dia (já percebeu que nossa bolsa é um buraco negro?) e luzinha de apoio que nem da geladeira!
Jane diz:
AAÊÊÊ!!!!!!

www.lirisletieres.blogspot.com diz:
As contas a pagar, ao serem “enfiadas” (em bolsa de mulher a gente não “coloca” , a gente “enfia” as coisas) na bolsa, automaticamente, receberão uma proteção de substância especial ,criando uma película protetora nos códigos de barra, para que não dobrem e prejudiquem sua leitura quando formos pagá-las!!! A leitura ótica (cega) nunca funciona e a gente tem que digitar aquela cacetada de números! E míope então, pra enxergar os números?Se estrepa literalmente (numericamente tb).
Jane diz:
Essa vai ser a bolsa do século!
www.lirisletieres.blogspot.com diz:
Ah! E sempre, sempre canetas com cargas eternas pra não falharem no meio do preenchimento da zorra de um cheque de oito reais!
Jane diz:
Isso!!!!!!!!!
Ah! Não esqueça de colocar algum tipo de dispositivo contra ladõres...
www.lirisletieres.blogspot.com diz:
Bem lembrado!Será o "Choque"!
"Choque anafilático"! Melhor ainda!
Jane diz:
Essa eu tô pagando pra saber como...
www.lirisletieres.blogspot.com diz:
Simples. Uma substância química entrará na corrente sanguínea através do contato com a “pele humana meliante” fazendo o insensato, (tentar roubar a bolsa de alguém que preenche cheque de oito reais é por baixo, insensatez) cair de joelhos e pedir pinico. 3 vezes no mínimo!
Jane diz:
É, muita gente vai ter que ter cuidado!rsrsrsrs Mas é isso aí ! Meteu a mão na bolsa da gente só pode ser louco, então... Choque neles!
Ou então cria aí, um dispositivo eletrônico, que prenda a mão dele e solte apenas, quando ele colocar 10 reais na nossa bolsa! É!!!!!
www.lirisletieres.blogspot.com diz:
ÉÉ!!!!!!!
Jane diz:
Com o aumento de ladrões na rua ficaremos bem (tô gostando ...)

www.lirisletieres.blogspot.com diz:
Eis o meu sonho e de com certeza, muitos milhares de mulheres!
Jane diz:
Pior q é verdade...
www.lirisletieres.blogspot.com diz:
Bom, sócia, falaremos melhor amanhã sobre os detalhes. Minha filha quer usar o computador
Jane diz:
Vou sonhar com ela... A bolsa dos nossos sonhos!
www.lirisletieres.blogspot.com diz:
SONHOS.....

sábado, 3 de fevereiro de 2007

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Começou...
Liris Letieres

Aquela pasmaceira das férias (ferículas pra ser mais exata) acabou, e o final das férias ferículas vai levando com ela meu copertone, parceiro de muitas praias....
Sol lascado e calor de caldeira da casa das máquinas em Salvador. Tudo bem quando isso acontece nas férias ferículas, a gente sua na praia, nos shows do parque da cidade, na verdade nem chega a ser suor é transbordo de felicidade.
Eu suo quando começa o trabalho.
Aí sim! Suo, mino, transpiro e me abafo!
Aquecimento global é café pequeno perto do que acontece comigo em Salvador quando começo a trabalhar.
Que calor da zorra!
Sopra aê!

terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Entre duas (ou mais) dores

Entre duas dores
Liris Letieres

Hoje trafego entre duas dores: uma dor de cabeça virada nos 30 e uma dor melancólica, emocional...
Na dividida, a “bola” tá com a cabeça.
A dor física supera, mesmo que por instantes, a dor moral, a dor emocional.
Mas só por instantes.
A merda toda é que a dor perene é a que está camuflada, escondida, no lugar mais secreto, nos cafundó da gente, na ALMA. E esse pique-esconde, com o passar do tempo, fica difícil administrar. O corpo não colabora muito, a mente, mente que entende e não saca zorra nenhuma! E a gente vai levando...
Me passa um dorflex alguém!

segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

Sentada na escada
No meio da passagem
O braço fecha a guarda
Pra tudo que ali passa.....

(...)

(...)
Liris Letieres

Um parágrafo inteiro pra se dar tempo, pra pensar no que palavrear, pra ganhar tempo...
Tempo que se esvai cínico, rindo-se todo de mim que não acho sequer, um monossílabo pra me descrever hoje...
E olha que coincidência!
Estou eu, diante de 3 dicionários me olhando horrorizados pela negligência com a língua portuguesa. Amontoados, amotinados, ao lado da CPU! Incompetentes, inúteis comigo.
Tento na verdade referir-me ao que nunca disse antes, e sei que não direi...
Pelo menos ainda...
O "ainda" me dá uma alegria de que...
- Ah! Um dia ela se reta mesmo e dana a falar o que guardou mal embalado, jogado no montueiro de seus segredos!.
O RETORNO DE JEDI!
Liris Letieres


Voltei a escrever.
Voltei a escrever como quem volta para o seu antigo terapeuta e pensa baixinho, soturno:
- É, não fui muito longe sem você...
Talvez nem tenha alcançado as minhas esquinas, não fui muito longe...
Talvez, fizesse menção de um pulo de muro (mureta, tá certo) arriscado passadas mais largas, sozinha, sem companhia. Mas deparei-me com um fato:
Preciso de minhas palavras. Preciso delas, caminhando ao meu lado, regurgitadas, gritadas, mudas, mancas, mas profundamente companheiras. Que se rasgam em versos bêbados de meus dias trôpegos, na tentativa de reconfortar-me em berço (nem sempre esplêndido). Produzindo a cada verbete um ninar sereno de mim mesma, em meus próprios braços.
Acalentando-me...
Aquietando minha alma...
...
Quase ouço uma canção de ninar...
Percebi que preciso das palavras de almas irmãs que, como eu, alimentam essa fera/bela, essa dependência enletrada, enlatada em versos, por vezes tão ensimesmados... Essas almas impenitentes.
Voltei a escrever.
Voltei a escrever como filho pródigo, com saudades do cheiro verde das palavras nem sempre maduras, com a felicidade de amantes que por tempos incontáveis não se encontram e que se enlaçam, se enredam um no outro, como se tudo fora apenas um lapso no tempo.
Alegrando meus dias...
Fazendo estardalhaço em minha alma!

Um dia daqueles!(é eu também tenho)

Um dia daqueles!
Liris Letieres


Hoje minhas palavras estão rareando...
Quase não despencam da boca.
Preguiça...
Um mau humor de despachante de repartição!
Retaliação à língua portuguesa!
Tá , tô de greve!
Nada planejado, apenas uma vontade imensa, de não ter vontade de falar.
Vixe! TPM, será? Mesmo desuterada?
Vai saber!
Greve da boca (embora a boca, o dia inteiro, não parasse de comer tranqueira).
Preferia engordar de palavras secas!
Ah! Balança mardita! Tenho um medo de me pesar nas balanças das farmácias que me pelo! Elas ficam ali, me olhando, magrelas...
Parecem dizer: Vem cá ! Se pesa se é macha!
Finjo que não é comigo, compro uns comprimidos de dorflex e me pico!
Sei lá, elas podem estar de mau humor como eu e marcarem uns quilos a mais, de pura sacanagem né?
Aí, já sabe, não tem auto-estima que se erga!
Ê, dia insosso!
Mas amanhã, deixe comigo! Boto pra correr esse humor de caixa de banco do Bradesco, e aí vocês vão ver:
Renascida das cinzas feito ave Fênix!Uma verdadeira hiena sorridente! Mais disposta que menino propaganda do verão da Skol!
Yeh, yhe!
Dia de Polyanna às avessas todo mundo tem, ora!