sábado, 24 de março de 2007

Fuga em falsete
Liris Letieres

Nos ouvidos de outros
Visitar labirintos
Me perder
Me achar
Presa ao fio do som

Ariadne às soltas
Ao cantar desafino
A canção transbordando
Quando eu canto é sentindo

Vou cantar
Ao invés de fugir
Vou cantar
E ficar mais em mim

Um cantar que fulmine
As tristezas da alma
E que só sobrevivam
As tristezas dos filmes

Mas te mando um aviso
Um aviso de amigo
Se quiser me calar
Amplifico sentidos

Vou cantar
Ao invés de fugir
Vou cantar
E ficar mais em mim

Num agudo de Diva
Me transformo em mistério
Retirando o teu sono
Vou cantando em estéreo

Caso ache bobagem
Esse meu desatino
Rasgo a voz da garganta
E prossigo sorrindo

2 comentários:

Anônimo disse...

Liris,
vc é a paixão sem limites,
arregaça todas as emoções para mostra-se, para se impor, para existir, sua existência se dá pela palavra. Vc existe através do som e da escrita. É como vc dissesse: "Eu existo porque falo, eu existo porque escrevo"
Clarice Lispector também era um jorro de palavras. Era como se cada minuto da vida dela, ela personificasse através das palavras. Como se aquele momento que ela viveu, só se tornava real e verdadeiro através das palavras. Ela tinha uma humildade que não acreditava-se como escritora. Outra lado dela era o mergulho na tristeza. A tristeza para ela não er aum filme. Era real, era intensa, vivida, ela não fugia, mas se queimava, literalmente ela se queimou... Queimou uma existência, que teimava em ser só água e ela precisou do fogo. Das labaredas vivas do fogo para sair do seu sono profundo.
Você é uma mulher viva, puro fogo,também muito ar que ajuda esse fogo a se expandir, muito água... Mass você têm medos de mergulhar nas águas profundas do seu ser. Não tenha medo. Mergulhe. Mergulhe fundo. Que você renas cerá linda e majestosa. Como o mais belos dos leões que depois de ter sua juba molhada na profundeza de um lago, mas que enxuga todo cabelal ao sabor do vento.
Um beijo na pele e um abraço intenso.
De quem te ama muito.
Mas que eu queira contrariar ess amor.
Vc é grande!
Vc é soberba!
Mas não cultive isso...
Por que toda a grandeza virá quando a gente menos espera...
quando a gente não precisa se envaidecer...
quando a gente internaliza o amor sábio, o amor puro, o amor como uma criança ama, como uma mãe ama, intensamente, incondicionalmente sem esperar nada em troca, sem esperar que as pessoas ame, aceite, como as coisas realmente são, sem vícios, sem máscaras, sem precisar agradar, sem querer ser essencial, insubstituível, sem grilhõs, sem Prometeu, sem culpa, sem Édipo, sem vinganças, sem Medéia...
Viva o seu Dionísio! Ultrapasse todas as barreiras, todas as cobranças... e ultrapasse acima de tudo você mesma.

Muadiê Maria disse...

Cante, cante, cante!!!!
Amei os últimos versos.
Cante, minha linda, encante.