sábado, 20 de outubro de 2007


De lua
Liris Letieres

O que escrevo às vezes, estanca
Como sangue coagulado
Pára, suprime palavra
Cala a boca, o pulso.
O que escrevo às vezes, despejo
Como jorro, aflora
Despenca peito a fora
Cai do pre
ci

cio
e morre.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007


CASA VAZIA

Poema nenhum, nunca mais,

será um acontecimento:

escrevemos cada vez mais para um mundo cada vez menos,

para esse público dos ermos

composto apenas de nós mesmos,

uns joões batistas a pregar

para as dobras de suas túnicas

seu deserto particular,

ou cães latindo, noite e dia,

dentro de uma casa vazia.

Alberto da Cunha Melo