segunda-feira, 28 de maio de 2007


Blindagem
Liris Letieres

Deparar-me com sorrisos falsos,
logo cedo.
Ver em olhos traiçoeiros, de pessoas más,
uma navalha.
Rezo a Deus que me livre desses encontros
não por medo.
Pois meu desejo verdadeiro, é
que Deus as valha!

domingo, 27 de maio de 2007

Maratona
Liris Letieres

Se bastasse escrever absurdos pra remover essa crosta que fica, do dia que acaba...

Ou talvez, apenas a soltura, o derrame, de uns mililitros lacrimais, forjasse uma nova carapaça pra uso posterior...

Quem sabe, alguns poucos segundos do tempo, furtados do dia, chegassem a prover alívio seguro para as dores em acúmulo, das 24 horas vividas...

Mas não!
Tem que ser complicado
Demorado
Angustiante
Sofrido
E, beirar o indissolúvel pra eu poder dizer:
-Passou.

domingo, 13 de maio de 2007


Mudança de planos
Liris Letieres

Senhor do Bonfim, bem que tentou
Proteger o segredo, a idéia esperta
Com fita benzida a entrada atou
Mas não impediu a descoberta

E o esconderijo mais que secreto
Precisou de mudança de lugar
E num castelo em forma de caixa
Duas princesinhas foram morar

sábado, 12 de maio de 2007




O filho pródigo
Liris Letieres


Nascido no berço dela
Nela você cresceu
A sua Mãe era ela
Não a reconheceu?

E o tempo cumpriu seu destino
Crescido, você virou fera
Por isso não percebeu
Que a sua Mãe era ela?

Descuidou de sua matriz
Esbanjou os recursos dela
Deixou-a assim, por um triz
Esqueceu quem era ela?

Homem da Terra Mãe
Redescobre seu coração
Pois da Terra, você é filho
Resgate a filiação.

Há tempo, não tem revolta.
Pois como todas as Mães
A Terra lhe ama tanto
Que ainda lhe quer de volta!

FELIZ DIA DAS MÃES!

sexta-feira, 4 de maio de 2007


Escapulida
Liris Letieres

Ai, meu Deus!
Que desencontro!
Quando penso que me achei...
Acabo de virar, uma das minhas esquinas!

O Varredor de medos
Liris Letieres

Subo uma escarpa logo cedo
E lá se vão: o pão e o café aguado.
Caminho querendo do dia, esquecer o medo
Mas o cardíaco quarentão se vê acelerado.

No portão, os primitivos personagens.
Sempre vitoriosos, nessa marcha inglória.
Dois guardiões com suas fardagens
E Manoel, meu protagonista da história.

Toda manhã, Manuca recolhe as folhas
Que são deixadas na quadra, pela noite quieta
E, ao vê-lo, dou meu verdadeiro cumprimento
Por saber que dali, há de vir resposta honesta.

Bom dia, Mano! Aciono a retentiva
Bom dia, Liris! Chegou cedo!
E volta a varrer as folhas caídas
Sem saber ele, que varreu meus medos.

Para Manoel que varre como ninguém, a alma da gente!
Na foto acima, ele, meu herói, em dia de festa!

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Para Tânia Xucurus, pelo fio da voz.

A passageira
Liris Letieres

Ela não percorria toda a estrada.
No meio do trajeto, a moça sempre puxava a cordinha, causando uma espécie de alvoroço no restante dos passageiros que, intrigados, se questionavam:
- Mas que diaxo essa moça perdeu por essas brenhas do nada?
Ô povo sem fé, esse povo que viaja. Será que nunca perceberam o olhar doce e cândido da moça a mirar aquelas bandas de vazio da estrada?
Era atalho certeiro que ela mirava.
Uma miragem sublime no meio da estrada.