domingo, 4 de fevereiro de 2007


BANDEIRA BRANCA
Liris Letieres

Hoje presenciei uma cena lindamente poética, melhor, fiz parte dela.
Quase uma pintura a óleo, uma tela, e eu estava lá integrada a imagem.
Talvez, uma cena pitoresca e cinematográfica de Almodóvar, fui elenco.
Uma singela bandeira branca seria hasteada em nome da Paz.
Da Paz desejada por todos os presentes, ao jovem casal que parte em breve, em par, em duo.
Trilha sonora casada, vinda do seio da casa, “Dia Branco”, de Geraldo Azevedo e Renato Rocha.
Em ato quase solene, não fossem os pés descalços de uns, o cantarolar de crianças ao fundo, o despojamento da alma de muitos. Solenes mesmos estavam nossos corações. Centrados no instante indelével.
Subia a bandeira ao som da melodia, acompanhada de embargadas vozes presentes, ajudada pelas mãos do jovem casal, e desciam em quase todos os rostos, lágrimas de candura pelo momento.
Súbito, estala a corda que sustentava o lábaro. Um instante de silêncio, riso nervoso. Então, a mão do companheiro insiste e vai à busca da corda que restava e a trouxe pelos dedos corajosos de volta. Retorna a Paz, desta vez, aos nossos corações.
A vida é algo semelhante. As surpresas, os desafios que encontramos nos nossos caminhos, às vezes não nos permitem hastear nossos desejos no topo, vão aonde tem que ir, vão aonde a corda de nossos passos alcança vão “até onde a gente chegar”. Mas ficam lindamente, onde quer que estejam, quando podem dizer um ao outro, através de um simples olhar, que estarão lá “pro que der e vier”.

2 comentários:

Anônimo disse...

Adorei!
Eu também estive lá!

Anônimo disse...

estou aguardando outras crônicas!